À conversa com Polina Popovych: o que é a Iniciativa Liberal?

Dá-se pelo nome de Iniciativa Liberal (IL) o mais recente partido português, oficialmente formalizado em dezembro de 2017, com a particularidade de ter como uma das integrantes uma estudante do primeiro ano de Ciência Política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas: Polina Popovych. Por ser um movimento partidário recente, quisemos descobrir um pouco mais sobre este partido. 

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A Iniciativa Liberal (IL) surgiu em setembro de 2016 com a criação da Associação Iniciativa Liberal, baseada na discussão do Manifesto Liberal de Oxford (1947), tendo sido posteriormente declarados os princípios e ideologias do partido que pretende colocar-se no centro do que diz respeito à conjetura política. A captação dos votos brancos e nulos, bem como a recuperação da percentagem de abstenção são os alvos do partido que invoca ser a solução para os portugueses que não se sentem total e livremente representados no campo político. Já em setembro de 2017, foram entregues no Tribunal Constitucional mais de 8100 assinaturas, mais do que as 7500 necessárias para formalizar um partido. Em novembro do mesmo ano deu-se a Convenção Fundadora da Iniciativa Liberal, no Porto, oficializando a formação do partido.

A IL conta com duas presenças internacionais nos congressos da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa, família política europeia a que pertence, uma em 2016 em Varsóvia e outra em 2017 em Amesterdão. Nos próximos tempos, a IL já confirmou que irá fazer parte dos três atos eleitorais previstos para o ano de 2019, sendo eles as eleições regionais da Região Autónoma da Madeira, as eleições europeias para o Parlamento Europeu e as eleições legislativas para a Assembleia da República. O Partido é de momento liderado por Miguel Ferreira Silva, sendo Rodrigo Saraiva o secretário-geral.

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Polina Popovych, aluna de 1º ano de Ciência Política do ISCSP-UL

Através do seu site, a IL faz questão de referir que defende um Portugal mais livre em termos políticos, sociais e económicos. Posto isto quisemos saber se Polina Popovych sente que há falta deste tipo de liberdade no nosso país, ao que nos respondeu afirmativamente, referindo que “o Estado limita o cidadão, restringindo-o em diversos aspetos, quando ele devia ser livre em fazer as suas escolhas num leque de possibilidades, mas claro, sem nunca esquecer que com mais liberdade vem mais responsabilidade”.

Posta esta querela em relação ao Estado, procurámos descobrir qual a preponderância que um Estado deveria auferir, de acordo com a ideologia defendida pela IL. Em relação a esta questão, Polina indicou que “o Estado controla parcelas onde, do nosso ponto de vista, a sua intervenção deveria ser reduzida, noutras eliminada e noutras claro, é essencial e deveria até ser mais reforçada” ao mesmo tempo que defende um papel mais regulador e controlador por parte do Estado. No entanto faz questão de referir que não é ideia da IL privatizar tudo o que existe mas sim simplificar e tornar eficientes todos os processos e pensar “será que neste âmbito faz sentido o peso do papel que o Estado desempenha?”.

É também sabido que existe uma aproximação entre a IL e o partido espanhol Ciudadanos e posto isto, quisemos perceber exatamente em que pé está a relação entre os dois partidos, ao que Polina disse que existe, de facto, uma aproximação ao partido espanhol muito por culpa dos “quadros políticos dos dois partidos serem muitíssimo semelhantes”. Polina acrescentou inclusivamente que durante as eleições espanholas em dezembro de 2017, alguns membros da IL estiveram presentes em Barcelona, para apoiar o Ciudadanos.

Através dos seus ideais pode dizer-se que no espetro político, principalmente na Assembleia da República, a IL situa-se no campo centrista. O receio de serem “abafados” pelo PSD ou pelo CDS não existe segundo Polina, por duas razões. Primeiramente Polina rejeita a ideia de ainda existirem os conceitos de “direita” e de “esquerda” mas defende um novo conceito de espetro político dividido entre “progressismo” e “conservadorismo”. Depois, revela que, como sabemos “Portugal, desde há 4 décadas atrás, ainda é um país bipolarizado, tendo como as duas grandes influências políticas o PS e o PSD” mas que por outro lado, a abstenção representa cerca de 45% do eleitorado, o que nos diz que “muitos portugueses não se sentem representados na esfera política e querem uma mudança que já devia ter acontecido há muito tempo”, sendo precisamente esse o “alvo” da IL. Completou dizendo:

“Nós trazemos esta mudança e vamos fazê-la acontecer.”

Polina afirmou ainda que é um objetivo vincado para a IL poder constituir governo um dia, visto que existem “muitas áreas que necessitam de reformas e pretendemos fazê-las com o eleitorado”.

Ainda dentro do panorama centrista, procurámos saber quais os pontos e as políticas que diferenciam a IL dos dois maiores partidos centristas, o CDS-PP e o PSD. Polina respondeu ao Desacordo dizendo que no site da IL, existe uma plataforma na qual foram “submetidos cerca de 3000 contributos por parte dos cidadãos para a elaboração de uma agenda”, que posteriormente foram conjugados num documento que serve de base ideológica da Iniciativa Liberal e que brevemente poderá ser consultado na íntegra no site da IL, já com novas propostas submetidas, tendo sempre como base o Manifesto Liberal de Oxford. Terminou referindo que:

“De pouco vale criticar os políticos, que sejamos todos nós a arranjar as melhores soluções!”

Para terminar, pedimos à Polina que nos apresentasse num parágrafo, o que é realmente a Iniciativa Liberal. O retorno foi este:

“A Iniciativa Liberal assenta essencialmente em três pilares: mais liberdade económica, social e política. É o Estado estar ao serviço dos cidadãos e não ao contrário, dando-lhes a liberdade de fazer a sua escolha. Defendendo sempre uma maior transparência, progresso e sustentabilidade, muito do que falta no Portugal de agora. É olhar o futuro tendo em conta o presente, sem esquecer o passado, pois Portugal precisa de caminhar para a frente, de ser pensado a longo prazo. E, todos nós, a Iniciativa Liberal, em conjunto com os cidadãos que estão dispostos a sair do sofá e fazer realmente parte deste processo, iremos construir um Portugal melhor, um Portugal Mais Liberal!”

Jornal Desacord, Bruno André, editado por Adriana Pedro, 9 de Março de 2018

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