O partido recém-formado contesta o facto de não terem sido revelados os motivos que levaram à escolha de Lisboa, em detrimento de outras cidades do país, e teme a concentração de verbas na capital, a fim de serem construídas novas infraestruturas necessárias para acolher o evento.
A Iniciativa Liberal condena o processo de escolha “pouco transparente” da cidade de Lisboa para receber as Jornadas Mundiais da Juventude. O partido recém-formado contesta o facto de não terem sido revelados os motivos que levaram à escolha de Lisboa, em detrimento de outras cidades do país, e teme a concentração de verbas na capital, a fim de serem construídas novas infraestruturas necessárias para acolher o evento.
“À semelhança de outros eventos de grande envergadura no passado, cujas candidaturas exigiram apoio oficial do Estado português, ficou sem se conhecer o que levou à escolha da cidade de Lisboa em detrimento de outras alternativas no resto do país”, indica o partido presidido por Carlos Guimarães Pinto, em comunicado. “Isto é tanto mais grave quanto a organização deste evento exigirá a construção de novas infraestruturas, financiadas pelo Estado português, desviando recursos do resto do país para a Área Metropolitana de Lisboa”.
O partido lembra que “a Área Metropolitana de Lisboa é a zona mais rica do país com um PIB per capitaao nível dos países mais ricos da Europa, enquanto que as zonas do país que concentram grande parte da população (Norte e Centro) continuam a ser das zonas mais pobres da Europa Ocidental”. A Iniciativa Liberal lamenta também o silêncio dos restantes partidos face a este episódio que volta a pôr em causa a questão da descentralização de fundos.
Há quase 10 anos, a Área Metropolitana do Porto, então liderada por Rui Rio, denunciou o desvio de quase 200 milhões de euros de fundos de coesão destinados ao Norte, Centro e Alentejo para projetos na área de Lisboa e Vale do Tejo. A situação obrigou o Tribunal de Justiça da União Europeia a intervir e instar os tribunais portugueses a verificarem o cumprimento dos critérios do efeito de difusão desses investimentos. A Justiça portuguesa concluiu que tal não foi cumprido pelo Estado.
“Ao silêncio da classe política em relação a esta falta de transparência não será alheio o facto de termos um primeiro-ministro que já foi presidente da Câmara de Lisboa, um presidente da República que já foi candidato à Câmara Municipal de Lisboa, uma líder da oposição que aspira a ser presidente da Câmara de Lisboa e uns parceiros de coligação parlamentar cujo eleitorado se concentra na Área Metropolitana de Lisboa”, acrescenta ainda o partido.
A Iniciativa Liberal defende a aplicação do princípio da subsidiariedade, com “a transferência de competências do poder central para poder local, mantendo o poder nos indivíduos e em centros de decisão mais próximos deste, possibilitando assim a devolução às comunidades locais o poder de decidir em assuntos que apenas a essas comunidades dizem respeito e aumentando a sua massa crítica”.
Joana Almeida, Diário Económico,