Alteração da forma de admissão de estudantes provenientes do Ensino Secundário no 1º ciclo do Ensino Superior
A. Objetivos
- Eliminar a dependência das avaliações do Ensino Secundário para a entrada no Ensino Superior.
- Facilitar às famílias os processos de deslocação do estudante, com mais tempo para seleção de residência.
- Eliminar a entrada de estudantes no Ensino Superior vários meses após o início do ano letivo.
- Atribuir às IES a responsabilidade total e exclusiva da seleção dos estudantes que pretendam admitir, incluindo pelo uso de testes vocacionais.
- Atribuir às IES liberdade para fixação de numerus clausus.
B. Racional
- Atualmente, em nenhuma altura do processo de seleção dos seus candidatos, as IES têm acesso ao seu perfil18
- O atual processo de seriação de candidatos às IES reside exclusivamente nas avaliações do Ensino Secundário (seja através da avaliação contínua – notas no fim de ano; seja através da avaliação sumativa – Exames Nacionais)
- As escolas inflacionam as notas da avaliação contínua, o que se observa quer em escolas públicas, quer em escolas privadas (basta ver as notícias que, frequentemente, são publicadas na Comunicação social.
- A ponderação das notas do secundário na seriação para a entrada nas IES aumenta assimetrias entre estudantes
- Os exames nacionais são exames que visam meramente a avaliação de saberes adquiridos durante o Ensino Secundário e, na sua essência, devem ser realizados de acordo com os programas do Ensino Secundário
- Há estudos que colocam em causa a correlação entre desempenho dos estudantes na IES e as suas notas do secundário19.
- A situação económica familiar é frequentemente invocada como determinante na escolha de escolas privadas, que inflacionam as notas
- Os exames nacionais não avaliam qualquer componente vocacional dos candidatos
- Os pré-requisitos de alguns cursos, mormente aqueles baseados em atestados médicos que atestam capacidade de relacionamento interpessoal dos candidatos, são pouco credíveis na avaliação vocacional dos candidatos
- As IES não são envolvidas nos processos de seriação/escolha dos seus estudantes. Dada a importância de diversas IES no contributo para o desenvolvimento do ecossistema local e regional, tal significa que diferentes IES podem querer atrair diferentes tipos de candidatos, estratégia esta que hoje lhes está vedada
- Para os estudantes, eles sabem que apenas serão aceites num curso, numa determinada universidade. Não há qualquer hipótese de serem aceites em diferentes universidades e depois decidir para onde ir, tendo em consideração a oferta de alojamento, as condições da IES, políticas de bolsas (por insuficiência económica e/ou mérito), entre outros
(18) Exceptuam-se os “concursos locais”, meramente residuais no panorama nacional
(19) Por exemplo: https://bmcmededuc.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12909-018-1162-x (embora o principal objectivo do
estudo seja a avaliação do desempenho de estudantes provenientes de escolas públicas vs. estudantes provenientes de colégios privados, tendo como base a amostra da FMUP)
C. Proposta
- Criar uma (ou várias) prova de ingresso tipo SAT/GRE, validada pelo IAVE
- Possibilidade de utilização de certificados estrangeiros no acesso a cursos de línguas e literaturas estrangeiras (exemplo: C2 Certificate of Proficiency in English)
- Criar testes vocacionais que possam ser utilizados para o ingresso em cursos como Medicina, Enfermagem, cursos de Professores, entre outros
- As IES anunciam quais as provas que aceitam para ingresso a cada curso
- As provas de ingresso devem decorrer durante o 11.o ano, de modo a que os estudantes se possam candidatar a partir do início do 12.o ano
- As candidaturas serão processadas a nível nacional, de forma anónima e com equidade, podendo o mesmo candidato ser aceite em diversas universidades
- As IES poderão estabelecer os numerus clausus oferecidos para cada curso, tendo em conta a sua capacidade de ministrar formação de qualidade (entre outros: instalações, corpo docente, dinâmica de procura por parte dos candidatos, dinâmica de absorção por parte do mercado de trabalho) e um plano negociado a 5 anos com o Ministério do Ensino Superior que inclui orientações sobre as grandes áreas de formação da IES, bem como o total de vagas a disponibilizar
