Privatização da Caixa Geral de Depósitos
Privatização da Caixa Geral de Depósitos
A. Objetivos
- Retirar o Estado do sistema financeiro.
- Retirar aos partidos do regime um instrumento político.
- Deixar de socializar os prejuízos de uma gestão política da Caixa Geral de Depositos (CGD).
- Incentivar maior dinamismo e concorrência no sistema bancário português.
- Criar um mecanismo de compensação e dinamização das Pequenas e Médias Empresas (PME)8.
(8) No conceito de PME’s deve-se entender nano, micro, pequenas e médias empresas.
B. Racional
- Os Defensores do banco público alegam que a CGD serve como instrumento para trazer estabilidade ao sistema financeiro nacional.
- Em relação à estabilidade do sistema financeiro não se conhece qualquer ação concreta nesse sentido. O sistema financeiro nacional nunca foi especialmente forte ou estável. Os escândalos desde o BPN até ao Montepio aconteceram sem que se percebesse qualquer ação por parte da Caixa que valesse estabilidade ao sistema.
- A CGD é tida como instrumento para direcionar financiamento para os portugueses avançarem com os seus projetos empresariais e pessoais. A Caixa não é líder no financiamento às empresas. Quem lida com a banca nacional sabe que a CGD apresenta o mesmo tipo de serviço que os outros bancos. As pequenas diferenças, normalmente, não abonam em favor da CGD.
- A conversão da CGD (uma estrutura gigante, burocrática e complexa) num banco focado em PME’s não é credível. Por outro lado, o sistema financeiro português não é muito concorrencial e as alternativas de financiamento (BAs, VC, CFunding), ainda não amadureceram, nem vão amadurecer sem o tecido empresarial se tornar mais resiliente.
- A transformação do IFD em banco do fomento, um banco limitado ao financiamento a PME’s, em sistemas de cofinanciamento ou não
- Para uma economia sustentável é importante permitir, e no início até fomentar, o surgimento de um tecido empresarial que se renova, que arrisca. O mercado financeiro português não está a funcionar bem.
- Em Portugal as empresas são, na sua maioria, nano, micro e pequenas empresas. Estas empresas sofrem de escassez de capital. 8 No conceito de PME’s deve-se entender nano, micro, pequenas e médias empresas.
- 8. Na banca a norma é avaliar o valor dos sócios ou acionistas em vez do valor do projeto, pedindo avais pessoais. Isto é uma total inversão da função de um sistema financeiro. Só recebe condições razoáveis quem realmente não precisa do dinheiro, quem está disposto a arriscar até a sua casa de família.
- Um banco do fomento, cuja existência devia ter uma sunset clause, seria uma aposta limitada no tempo para que o tecido empresarial, das PME’s, conseguisse ganhar alguma resiliência e competitividade internacional.
C. Proposta
- Criar legislação impeditiva de injeção de mais capital da CGD;
- Iniciar um processo de privatização da CGD:
- Criar a possibilidade de ser vendida como um todo ou em pedaços;
- Não criar uma limitação no tempo para a venda da mesma.
- Criar um Banco de Fomento:
- Por transformação do IFD, ou acabar com o IFD e criar uma entidade do zero;
- Definir objetivos de financiamento a empresas;
- Clarificar critérios de financiamento com base no projeto e não nas garantias do promotor;
- Ter uma cláusula de validade de 10 anos, após a qual a continuação da sua existência teria de ser justificada com base nos cumprimentos dos objetivos.
D. Questões Frequentes
Não é a CGD um garante da estabilidade do sistema financeiro nacional?
A Caixa como banco de estabilidade e refúgio em tempos de crise é uma ficção. Com a exceção do Santander, nenhum banco deixou de ter apoio do Estado em crise. A maioria dos grandes bancos privados já voltaram a uma razoável normalidade. A Caixa diferencia-se dos outros bancos, essa diferença custou-nos, só em 2017, 4 mil milhões de euros de recapitalização.
A CGD não é um garante que toda a gente tem acesso a financiamento?
Na verdade, não. A realidade é que a CGD funciona, num processo de financiamento, como um banco comercial normal, competindo com os restantes bancos. Não existe um verdadeiro foco no financiamento da economia, via empréstimos a empresas, e até tende a ser mais lenta e burocrática.