Redução da despesa pública relacionada com a polimedicação

Redução da despesa pública relacionada com a polimedicação

A. Objetivos

  1. Otimizar a prescrição de medicamentos.
  2. Implementar a gestão terapêutica e preparação individualizada da medicação (PIM).
  3. Melhorar a adesão terapêutica, sensibilizar a população sobre a sua importância
  4. Diminuir os gastos com a medicação assim como com as consequências da sua utilização ineficiente.
  5. Promover a comunicação entre as equipas multidisciplinares
  6. Criar um sistema integrado de tecnologia de informação (IT) nas instituições de saúde.
  7. Redução de resíduos medicamentosos.

B. Racional

  1. O crescente envelhecimento demográfico é um dos fenómenos mais relevantes do século XXI.
  2. Segundo dados do INE, em Portugal existem aproximadamente 10 milhões de habitantes, sendo que 2 milhões são idosos e as estimativas apontam para que em 2050 este número atinja cerca de 3 milhões (INE, 2012).
  3.  O aumento da esperança média de vida promove a incidência e a prevalência de patologias crónicas, sendo estas as que mais contribuem para a polimedicação, que consiste na toma de vários medicamentos de forma crónica pelo mesmo indivíduo. A administração de vários medicamentos em simultâneo pode conduzir a um aumento do número de reações adversas e/ou interações medicamentosas, a hospitalizações, à morbilidade e mortalidade.
  4. A incidência de interações entre fármacos aumenta com a polimedicação, estimando-se que este risco seja de 6% para 2 fármacos, 50% para 5 e quase 100% para 8 ou mais, facto que leva a um aumento de encargos ao nível financeiro de cada utente e dos sistemas de saúde.
  5. Despesa com medicamentos:
    a) 17% da despesa total em saúde;
    b) 3a maior área de despesa em Saúde;
    c) 1/6 da despesa total em saúde na UE
  6. O cumprimento do regime posológico determina diretamente a eficácia terapêutica, sendo de primordial importância a adesão à terapêutica.
  7. A não adesão à terapêutica tem uma forte prevalência, especialmente na população idosa sendo responsável pelo aumento da morbilidade e mortalidade, redução da qualidade de vida, aumento de custos médico e excesso de utilização do serviço de saúde.
  8. A não adesão à terapêutica é um grande problema de saúde pública intimamente relacionada com a multimorbilidade e a polimedicação. Estudos sugerem que 50% a 80% dos doentes com doenças crónicas são não aderentes, dependendo da condição clínica em estudo. Estima-se que a não adesão à terapêutica é responsável por 48% de mortes por asma, por um aumento de 80% do risco de morte no diabético e um aumento de 3,8 vezes do risco de morte após um ataque cardíaco. Prevê-se que a não adesão à terapêutica custa à União Europeia anualmente 125 biliões Euros. (SIMPATHY – Stimulating Innovation Management of Polypharmacy and Adherence in The Elderly)
  9. O custo económico da resistência aos antibióticos requer especial atenção e deve-se aos seguintes fatores:
    a) Prescrição inadequada, uso excessivo, adesão inadequada à terapêutica; b) Uso excessivo em outras áreas, nomeadamente a veterinária;
    c) Resíduos medicamentosos.

C. Proposta

  1. Implementar um programa de gestão terapêutica e de preparação individualizada da medicação (PIM), com redução da despesa pública em 10%.
  2. Integração das farmácias no sistema de saúde:
    Desenvolver um software e apoiar a evolução tecnológica de informação para intervenções clínicas e registos terapêuticos, partilhados entre todas as farmácias do país, (exemplos: França e Bélgica,) com o objetivo de promover o uso correto, efectivo e seguro dos medicamentos.
  3. Desenvolver um modelo colaborativo de intervenção em saúde entre Farmácias e USF em áreas terapêuticas pré-acordadas, suportadas em protocolos de intervenção acordadas e em tecnologias de comunicação
  4. Implementar mecanismos de comunicação interprofissional
  5. Sensibilizar para a automedicação que potenciam os PRM’s.
  6. Formar consultores farmacoterapêuticos para revisão e reconciliação terapêutica
  7. Criar guidelines de prescrição.
  8. Monitorizar a nível nacional as hospitalizações por complicações com a polimedicação.
  9. Monitorizar os benefícios associados à gestão terapêutica.