Ao fim de 45 anos de democracia, governos de todas as cores não criaram as condições para que cada um se sinta livre para sonhar e para realizar esses sonhos.
Recentemente, Pedro Nuno Santos (PNS), ministro das Infraestruturas e da Habitação, decidiu partilhar connosco o “sonho” do PS de que aparecesse (?) uma “grande área metropolitana entre o Porto e Lisboa”, trazendo-nos à memória ecos da economia planificada de estilo soviético.
PNS dá a entender que seria o Estado a dinamizar esse “sonho”, mas não diz como nem quando tal empreendimento seria feito e, muito menos, quanto custaria. Este “sonho” junta-se a outros do mesmo calibre, como o de ressuscitar a Terceira Travessia do Tejo, cuja necessidade e, mais uma vez, custo, permanecem um mistério.
Com esta sucessão de “sonhos” o que deixa de ser mistério é que o PS e a extrema esquerda, que tem suportado o governo de António Costa e o respetivo aumento da carga fiscal, se preparam para embarcar em grandes projetos de obras públicas faraónicas ou de engenharia sócio urbanística de utilidade nula. Ninguém percebe porque é que, se há folga orçamental para estas megalomanias, não ocorre ao PS baixar a carga fiscal recorde que sufoca os contribuintes e atrofia a economia.
Mais uma vez, lá vem a planificação para orientar as massas. Aquela orientação tão querida do socialismo que não confia nas pessoas, não acredita nos indivíduos e acha que deve determinar a cada um de nós o que devemos sonhar, como devemos sonhar e quando devemos sonhar.
Os “sonhos” do PS seriam os pesadelos dos portugueses de hoje e das futuras gerações que pagariam estes desvarios.
São “sonhos planificados”, todo um outro nível de usurpação de soberania individual que transcende em muito a tradicional “economia planificada” socialista. Sempre defendi o desmantelamento do domínio do Estado na Economia, o impedimento da interferência do Estado na livre escolha na Educação e na Saúde, a rejeição de qualquer papel do Estado na vida íntima de cada um. Pelos vistos, também é preciso impedir o Estado de controlar os nossos sonhos.
Os “sonhos planificados” do socialismo querem dizer-nos onde, como e o que estudar. Os “sonhos planificados” do socialismo querem dizer-nos onde e como devemos cuidar e tratar da nossa Saúde. E com o número e duração das listas de espera, só não conseguem dizer quando nos irão tratar.
Eu defendo e acredito que, numa sociedade livre, é aos indivíduos que compete sonhar e ao Estado cumpre tão-só assegurar que esses sonhos possam ser prosseguidos em liberdade. Acredito no valor do liberdade ao longo da vida humana em toda a sua variedade e complexidade, e é por isso que qualquer inclinação de imposição socialista me revolta.
Ao fim de 45 anos de democracia, governos de todas as cores não criaram as condições para que cada um se sinta livre para sonhar e para realizar esses sonhos. Com o máximo de liberdade e com a responsabilidade que lhe corresponde. Através dos muitos que nos incentivam e do nível de desencanto e indecisão revelado pelas sondagens, sente-se que estas são ideias cujo tempo chegou.
É disto que o País precisa: pessoas mais livres, um Portugal mais liberal.