Vivemos contentes com crescimentos poucochinhos, resignados a um aperto económico com que as famílias vivem? Se em 1974 ganhámos a democracia, não estará agora na hora de lutarmos pela liberdade?
O que é necessário:
- Confiar nas escolhas. Mudar o paradigma de Estado paternalista, olhando para o cidadão como tendo capacidade de tomar boas decisões, sem que tudo tenha que ser mediado, e reforçando que só com a responsabilidade podemos ter liberdade.
- Redução da carga fiscal. Acabar com a concentração de meios e sua redistribuição que serve apenas fins puramente ideológicos e que se afasta da concepção social de uma rede de segurança para quem, num dado momento na vida, se encontra menos afortunado.
- Descentralização do poder de decisão. Aproximar as decisões das populações, confiar nos municípios e na forma como estes se querem organizar, dar-lhes os meios e os recursos para que se empenhem e deem resposta às prioridades sem que estas tenham que vir por atacado de São Bento ou justificadas por um novo nível burocrata, como o defendido na regionalização.
Estas propostas surgem pelo fim da estagnação destes últimos 20 anos e com a incerteza provocada pela próxima regulação, onde o Estado se comporta como um grande rufia. Para além da vontade de se afirmarem os valores liberais existe também a vontade de se proporcionar um futuro melhor para os portugueses.
Somos trabalhadores por conta de outrem, profissionais liberais, funcionários públicos e pequenos empresários de diversos sectores, como são tantos dos nossos familiares e amigos, aqueles com quem lidamos diariamente. Gente que dá o seu tempo por uma causa, que quer mais por este país, que não vê a economia como um jogo de soma zero, onde se um ganha o outro perde.
Somos aqueles que, independentemente de idealismos, veem este caminho como alternativa que nos pode levar longe, afastando-nos da cauda da Europa, que a cada ano se encontra mais próxima.
Até há pouco tempo, nunca me tinha envolvido ativamente em nenhum movimento político, nem tão pouco tinha a bagagem teórica do que significa ser-se liberal. Estava a fazer o meu percurso e a conhecer o liberalismo. No meio de tanto ruído e estereótipo só se ouvia o insulto, inoculado pelo eco de muitos dedos que se apontam entre si. Todos os inimigos políticos eram rotulados de liberais, fossem ou não. A essa atitude hoje adjetivo de desconhecedora, preconceituosa e até estratégica. Havia uns poucos liberais que guardavam para si este epíteto, mas não tinham ainda conseguido explicar o que pretendiam para a sociedade. Digo isto porque aquilo a que assisto é à constante associação a misantropos sem lhes ser dado o espaço para explicar intenções. Liberais como caricaturas, grandes patrões austeros e cinzentos que exploram os demais.
As três ideias apresentadas orientam a missão da Iniciativa Liberal, um grupo representativo das vontades da sociedade civil e que é também composto por ela. Não precisamos de, a nível individual, identificarmo-nos como liberais sociais, clássicos ou libertários, nem precisamos de estar de acordo sobre como será um Portugal imaginário. Somos mais que isso, servimos a quem se revê neste caminho, para quem quer um Portugal mais liberal!
Manuel Loureiro, Consultor e professor universitário
OBSERVADOR, 23 de Fevereiro de 2019