O cabeça de lista do PS às europeias não tem culpa de ter sido escolhido pelo chefe de família. Mas, ao anunciar ao mundo que o candidato às europeias acabará como comissário europeu da próxima Comissão Europeia, António Costa, e não o candidato, passou a ser o verdadeiro bombo da festa desta campanha às europeias.
O ponto de partida não era famoso. O cabeça de lista do PS às europeias era o ex-ministro do desinvestimento, aquele que mais cedo se demitira das suas funções (mas não do cargo!) no governo de Costa. Por isso, se algum pingo de coerência política restasse, este candidato jamais seria candidato, quanto mais cabeça de lista! Mas a família socialista é assim mesmo.
Entretanto, Costa decidiu projectar o candidato, não às europeias, mas sim a comissário europeu com a pasta dos fundos estruturais. Para além do embuste eleitoral que isto representa, voltou a demonstrar que tipo de lealdade é mais importante no PS. Porque foi este mesmo candidato que, enquanto ministro, negociou os fundos europeus do próximo quadro de apoio comunitário, no qual, segundo o Tribunal de Contas Europeu, Portugal perderá 7% da dotação face ao actual quadro de apoio. Para CV político não está mal…!
Até há poucos dias, o único “soundbyte” que o candidato do PS havia produzido tinha sido uma patética acusação de misoginia aos que acusavam o PS (ie, o país inteiro excepto o PS!) de endogamia política. Este fim de semana produziu um segundo “soundbyte” que, sendo mentiroso, foi igualmente patético. Que segundo momento foi esse? A deturpação do trabalho político de Rangel no Parlamento Europeu, uma deturpação que (com grande pena minha) não resiste a um simples “fact-check”.
O candidato do PS, habituado à opacidade e às cativações do seu governo, esqueceu-se de que estamos na era da transparência e que as classificações do Parlamento Europeu podem ser publicamente consultadas por todos. De resto, saberá o candidato do PS o que quer dizer a expressão “fake news”? Enfim, este é o cabeça de lista que António Costa, em nome do PS, propõe aos portugueses. Viva a partidarite, uma outra espécie de endogamia política.
(Ps: O Paulo Rangel continua sem responder ao meu desafio para o debate. Está com medo de quê?)