{"id":6142,"date":"2019-01-22T12:05:17","date_gmt":"2019-01-22T12:05:17","guid":{"rendered":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/?p=6142"},"modified":"2019-01-25T12:10:29","modified_gmt":"2019-01-25T12:10:29","slug":"opiniao-vicente-ferreira-da-silva-o-custo-da-nao-participacao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/opiniao-vicente-ferreira-da-silva-o-custo-da-nao-participacao\/","title":{"rendered":"Opini\u00e3o – Vicente Ferreira da Silva – O custo da n\u00e3o-participa\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"
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Manter a liberdade e\/ou a democracia \u00e9 mais dif\u00edcil do que a conquistar. Far\u00e1 diferen\u00e7a, para quem n\u00e3o participa, viver em democracia ou em ditadura?<\/div>\n<\/blockquote>\n
Participar \u00e9 inerente \u00e0 democracia. Sempre o foi. J\u00e1 o era na Gr\u00e9cia do s\u00e9culo V a.c., onde o cidad\u00e3o que n\u00e3o se importasse com a pol\u00edtica era censurado ou pior. O passar do tempo n\u00e3o esmoreceu esta no\u00e7\u00e3o:\u00a0A participa\u00e7\u00e3o \u00e9 intr\u00ednseca \u00e0 democracia!<\/strong>\u00a0Da\u00ed que todas as formas de democracia, independentemente dos sistemas de governo e eleitoral, sejam participativas. O que varia \u00e9 o grau de autonomia e o n\u00edvel de representatividade, quer dos eleitos como dos eleitores.<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n
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N\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel impor a democracia e\/ou a liberdade. Ambas t\u00eam que ser conquistadas.<\/strong>\u00a0No limite, apenas podem ser encorajadas ou ser\u00e3o subvertidas. A democracia \u00e9 o melhor dos regimes pol\u00edticos, mas tal estatuto n\u00e3o lhe d\u00e1 legitimidade para ser imposta. Algu\u00e9m disse aos norte-americanos e aos franceses do s\u00e9culo XVIII que tinham de viver em democracia? N\u00e3o. A op\u00e7\u00e3o foi deles.\u00a0Temos que ser n\u00f3s, cidad\u00e3os, a lutar pela liberdade.<\/strong><\/p>\n

As ideias que surgiram com as revolu\u00e7\u00f5es americana \u2013 todos os homens nascem iguais e a procura da felicidade \u2013 e francesa \u2013 o tr\u00edplice princ\u00edpio da liberdade, igualdade e fraternidade \u2013 originaram uma mudan\u00e7a sem precedentes na hist\u00f3ria da humanidade: A democracia representativa.\u00a0Por\u00e9m, esta mudan\u00e7a, ao refor\u00e7ar o papel do cidad\u00e3o na escolha, exige uma postura activa dos cidad\u00e3os.<\/strong><\/p>\n

Em democracia, o voto \u00e9 a \u00faltima forma de participa\u00e7\u00e3o. A primeira \u00e9 a pergunta.<\/strong>\u00a0N\u00e3o interessa se o titular do cargo p\u00fablico gosta ou n\u00e3o de responder. Este tem que saber que o cidad\u00e3o interpela. Se o cidad\u00e3o deixa de interrogar, adoptando um abandono c\u00edvico, o representante deixa de se sentir \u201ccontrolado\u201d. J\u00e1 em 1819, Benjamin Constant alertava para a necessidade de se \u201cexercer uma vigil\u00e2ncia activa e constante sobre os representantes\u201d que escolhemos para a condu\u00e7\u00e3o da sociedade.<\/p>\n

Todavia, como estamos em ano de elei\u00e7\u00f5es, vou referir o voto.\u00a0O voto n\u00e3o \u00e9 obrigat\u00f3rio.<\/strong>\u00a0E muito bem! Porque pressup\u00f5e uma vontade \u2013 e n\u00e3o uma imposi\u00e7\u00e3o \u2013 de participa\u00e7\u00e3o do cidad\u00e3o na vida p\u00fablica do Estado. Assim, sendo o voto a manifesta\u00e7\u00e3o de uma vontade n\u00e3o dever\u00e1 tornar-se uma imposi\u00e7\u00e3o sobre a vontade individual. Para todos os efeitos, quer se goste ou n\u00e3o, o cidad\u00e3o pode n\u00e3o querer participar no sistema pol\u00edtico. E deve manter essa prerrogativa, apesar de, pela mesma, estar a prescindir da plenitude dos seus direitos (e deveres) e a permitir que terceiros decidam por si o seu futuro. Ora, \u00e9 a absten\u00e7\u00e3o que melhor ilustra a op\u00e7\u00e3o pela n\u00e3o-participa\u00e7\u00e3o. Quem se abst\u00eam n\u00e3o faz um voto de protesto. Est\u00e1, inquestionavelmente, a protestar. Mas, a votar n\u00e3o est\u00e1.<\/strong>\u00a0Qual \u00e9 a diferen\u00e7a entre a absten\u00e7\u00e3o e um voto branco e\/ou nulo? Quem vota em branco ou nulo, quer participar, mas n\u00e3o gosta das op\u00e7\u00f5es. Quem se abst\u00eam, n\u00e3o vota e n\u00e3o quer participar.\u00a0Qual \u00e9 o custo da n\u00e3o-participa\u00e7\u00e3o? \u00c9 a perda da democracia e da liberdade! Far\u00e1 diferen\u00e7a, para quem n\u00e3o participa, viver em democracia ou em ditadura?<\/strong><\/p>\n

Referi, no meu \u00faltimo artigo, disson\u00e2ncias cognitivas<\/a>. Haver\u00e1 maior disson\u00e2ncia do que o povo portugu\u00eas?\u00a0Os portugueses exigem mudan\u00e7as quando eles pr\u00f3prios n\u00e3o est\u00e3o dispon\u00edveis para mudar.<\/strong>\u00a0Infelizmente, o povo portugu\u00eas pensa que as ilus\u00f5es que lhe s\u00e3o vendidas n\u00e3o s\u00e3o sua responsabilidade e, cada vez mais, alheia-se da realidade e da decis\u00e3o pol\u00edtica. H\u00e1 muito que assim acontece, sendo tamb\u00e9m h\u00e1 muito que se confunde pol\u00edtica com partidarismo. Como \u00e9 a reg\u00eancia do comodismo que nos caracteriza, a maior parte de n\u00f3s continuar\u00e1 sentada no sof\u00e1 a apontar o dedo a quem aparece na televis\u00e3o. Os portugueses, ou alguns deles, tem necessidade de duas coisas: primeiro, de culpar algu\u00e9m pelos seus males e, segundo, do pr\u00f3ximo ilusionista (sendo que uns ilusionistas perduram mais do que os outros). \u00c9 um modo sequencial de complac\u00eancia. \u00c9 a solu\u00e7\u00e3o mais f\u00e1cil. \u00c9 a solu\u00e7\u00e3o que perpetua o fado portugu\u00eas da mis\u00e9ria e tristeza. Como\u00a0manter a liberdade e\/ou a democracia \u00e9 mais dif\u00edcil do que a conquistar,<\/strong>\u00a0esta postura do \u00ab\u00e9 prefer\u00edvel chorar a fazer\u00bb \u00e9 muito perigosa.<\/p>\n

No \u00faltimo par\u00e1grafo do mesmo artigo, afirmei que,\u00a0para Portugal ter um futuro melhor, \u00e9 necess\u00e1rio deixar de votar nos partidos que dominam o sistema pol\u00edtico desde a revolu\u00e7\u00e3o dos cravos.<\/strong>As reac\u00e7\u00f5es n\u00e3o se fizeram esperar. Como pluralista, aceito-as. Contudo, sabendo-se que, em 1974, a d\u00edvida p\u00fablica era de 14% do PIB e que actualmente se situa nos 125% desse mesmo indicador, o que \u00e9 que fizeram os decisores pol\u00edticos dos partidos que nos governam para al\u00e9m de condicionar o futuro do nosso pa\u00eds? Ir\u00e3o agora, de repente, mudar de comportamento? N\u00e3o acredito. Um dos leitores perguntou em quem votar?<\/p>\n

Eu, como quero participar e n\u00e3o me revejo nos partidos \u201ctradicionais\u201d, vou votar Iniciativa Liberal.<\/strong><\/p>\n

Notas breves:<\/p>\n

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  1. Enquanto as contas banc\u00e1rias dos contribuintes s\u00e3o abertas, as contas dos devedores do banco p\u00fablico permanecem ocultas;<\/li>\n
  2. A \u00faltima PPP socialista, o Novo Banco, vai custar\u00a0mais<\/strong>\u00a0800 milh\u00f5es aos contribuintes;<\/li>\n
  3. Em 1999, depois de terem sido eleitos deputados, Francisco Lou\u00e7\u00e3 e Lu\u00eds Fazenda protestaram porque queriam sentar-se \u00e0 esquerda do PCP. Em 2019, Catarina Martins ir\u00e1 submeter um pedido para se sentar \u00e0 direita do PS?;<\/li>\n
  4. O PCP contrata algumas pessoas a pre\u00e7os (acima) do mercado. Pobre Marx!<\/li>\n<\/ol>\n

    Vicente Ferreira da Silva<\/strong>, Polit\u00f3logo, Professor convidado EEG\/UMinho
    \n<\/em>Observador, 22 de Janeiro de 2018<\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

    Manter a liberdade e\/ou a democracia \u00e9 mais dif\u00edcil do que a conquistar. Far\u00e1 diferen\u00e7a, para quem n\u00e3o participa, viver em democracia ou em ditadura? Participar \u00e9 inerente \u00e0 democracia. Sempre o foi. J\u00e1 o era na Gr\u00e9cia do s\u00e9culo V a.c., onde o cidad\u00e3o que n\u00e3o se importasse com a pol\u00edtica era censurado ou […]<\/p>\n","protected":false},"author":4,"featured_media":0,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"_et_pb_use_builder":"","_et_pb_old_content":"","_et_gb_content_width":"","footnotes":""},"categories":[10],"tags":[],"acf":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6142"}],"collection":[{"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/4"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6142"}],"version-history":[{"count":0,"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6142\/revisions"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6142"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6142"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6142"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}