{"id":9364,"date":"2019-08-09T13:07:23","date_gmt":"2019-08-09T13:07:23","guid":{"rendered":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/?p=9364"},"modified":"2019-08-10T14:01:20","modified_gmt":"2019-08-10T14:01:20","slug":"opiniao-cgp-comprimos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/iniciativaliberal.pt\/opiniao-cgp-comprimos\/","title":{"rendered":"Opini\u00e3o – CGP – #ComPrimos"},"content":{"rendered":"
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N\u00e3o podendo ascender socialmente a trabalhar, n\u00e3o sendo Portugal um grande para\u00edso para investir, resta uma solu\u00e7\u00e3o: meter-se num partido de poder, o que em Portugal \u00e9 basicamente inscrever-se no PS.<\/p><\/blockquote>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n

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Na semana passada a revista Economist publicou um artigo sobre as pol\u00edticas de apoio ao regresso de emigrantes a Portugal. Dessas destacam-se a possibilidade de pagar uma taxa \u00fanica de IRS de 20% ou optar por um desconto de 50% no mesmo IRS. Descontos no IRS s\u00e3o pol\u00edticas boas para atrair talentos. Nenhum pa\u00eds pode aspirar a ter talentos daqueles que fazem o pa\u00eds crescer se lhes retirar mais de metade do que ganham. A op\u00e7\u00e3o de usar o IRS como factor de atra\u00e7\u00e3o de emigrantes \u00e9 reveladora de que at\u00e9 os socialistas entendem a import\u00e2ncia da pol\u00edtica fiscal na reten\u00e7\u00e3o de talentos.<\/div>\n
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O grande problema desta medida \u00e9 mesmo ser pouco ambiciosa. Reconhecendo que a componente fiscal \u00e9 importante para atrair talentos, e sendo Portugal um grande exportador de talentos, porque n\u00e3o actuar antes que eles saiam do pa\u00eds? Porque \u00e9 que s\u00f3 oferecemos vantagens fiscais a quem j\u00e1 saiu do pa\u00eds e n\u00e3o a quem c\u00e1 est\u00e1 hoje de forma a que n\u00e3o saiam em primeiro lugar? N\u00e3o parecer\u00e1 muito justo que haja duas pessoas que trabalham no mesmo emprego, acrescentam o mesmo valor, mas onde uma paga o dobro do IRS da outra apenas por ter aguentado a press\u00e3o da crise e n\u00e3o ter sa\u00eddo do pa\u00eds. Vantagens fiscais direcionadas a emigrantes at\u00e9 podem ter o resultado pernicioso de incentivar pessoas talentosas a sair do pa\u00eds por forma a virem a beneficiar dessas vantagens mais tarde.<\/p>\n

Por isso, medidas como a taxa \u00fanica de IRS do partido Iniciativa Liberal seriam t\u00e3o importantes. Permitiriam ao mesmo tempo atrair talento que saiu do pa\u00eds e reter aquele que ainda c\u00e1 est\u00e1 e \u00e9 formado todos os anos nas nossas universidades. Seria tamb\u00e9m uma forma de refor\u00e7ar a mobilidade social. Quem nasce numa fam\u00edlia de classe m\u00e9dia ou baixa n\u00e3o tem outra forma de subir no elevador social do que usando os rendimentos do trabalho. Os rendimentos do trabalho deveriam ser a forma mais f\u00e1cil de um jovem talentoso de uma fam\u00edlia pobre aspirar a ascender socialmente. Mas n\u00e3o s\u00e3o. Assim que atinge um patamar de rendimentos que lhe permitiriam acumular capital para ascender na estrutura social, o estado entra, captura mais de metade desses rendimentos retirando qualquer incentivo ao trabalho. O imposto progressivo sobre os rendimentos \u00e9 um dos principais entraves \u00e0 mobilidade social no pa\u00eds. At\u00e9 rendimentos que em muitas pa\u00edses europeus corresponderiam a sal\u00e1rios m\u00e9dios em Portugal est\u00e3o sujeitos a taxas elevad\u00edssimas, retirando qualquer competitividade ao pa\u00eds na atrac\u00e7\u00e3o e reten\u00e7\u00e3o de talentos.<\/p>\n

N\u00e3o podendo ascender socialmente a trabalhar, n\u00e3o sendo Portugal tamb\u00e9m um grande para\u00edso para investir, resta uma solu\u00e7\u00e3o: meter-se num partido de poder, o que em Portugal nos \u00faltimos 20 anos \u00e9 basicamente inscrever-se no Partido Socialista. Inscrever-se no Partido Socialista e encontrar os padrinhos certos \u00e9 o caminho mais r\u00e1pido para a ascens\u00e3o social (que o diga o ajudante de padeiro, afilhado pol\u00edtico de Pedro Nuno Santos, promovido a assessor no Minist\u00e9rio da Administra\u00e7\u00e3o Interna). Pertencer ou ser pr\u00f3ximo do Partido Socialista pode garantir acesso aos melhores empregos na Fun\u00e7\u00e3o P\u00fablica e aos melhores neg\u00f3cios com o Estado. A meritocracia fica para tr\u00e1s, subjugando-se \u00e0 lealdade pol\u00edtica, \u00e0 subservi\u00eancia e ao servilismo. Controlando o estado uma parte t\u00e3o grande da economia, directa e indirectamente, \u00e9 dif\u00edcil ter sucesso sem acesso \u00e0 rede de primos e afilhados dos partidos de poder.<\/p>\n

Temos um Estado comprido, com primos mas que deixa por cumprir as fun\u00e7\u00f5es a que se prop\u00f5e. Um Estado que \u00e9 um obst\u00e1culo \u00e0 reten\u00e7\u00e3o de talentos no pa\u00eds e que montou uma teia de interesses que impede talentos fora dessa teia de vencer e ajudar o pa\u00eds a crescer. Com primos e outros familiares no governo continuamos a aumentar a carga fiscal e baixar a qualidade dos servi\u00e7os p\u00fablicos. Continuamos a punir o m\u00e9rito e a valorizar caracter\u00edsticas que podem ser \u00fateis na pol\u00edtica, mas pouco servem o pa\u00eds. E enquanto forem essas as caracter\u00edsticas que o pa\u00eds mais recompensa, podemos at\u00e9 ter primos e afilhados felizes, mas os talentos que importam, e o crescimento que eles geram, continuar\u00e3o a fugir do pa\u00eds.<\/p>\n

Carlos Guimar\u00e3es Pinto
\nPresidente do partido Iniciativa Liberal
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\n<\/em>OBSERVADOR, 9 de Agosto de 2019<\/a><\/p>\n<\/div>\n<\/div>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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