A Iniciativa Liberal poderá apresentar-se às próximas eleições que acontecerem em Portugal. Apesar de ainda não ser público, os juízes do Palácio Ratton já validaram o processo que oficializa a formação do novo partido, sabe o ECO. Este sábado o partido está em Barcelona numa ação de campanha do Ciudadanos (Cidadãos), liderado por Albert Rivera, onde também estão representantes do partido de Emmanuel Macron, La République En Marche (Em Marcha).
Esta validação acontece depois do Tribunal Constitucional ter pedido aos fundadores do partido para corrigirem alguns pontos da proposta de estatutos, além de algumas informações entregues com as assinaturas que deram entrada em setembro. O partido já reagiu nas redes sociais: “Mais liberdade política é existir um partido que defende abertamente os valores do liberalismo”. Um dos objetivos do partido é ter um “processo colaborativo”, inclusive digital, para compor o seu programa.
Acreditamos num maior e melhor aprofundamento europeu, num momento em que existe muito barulho contra a Europa.
Neste momento, a Iniciativa Liberal já é membro do ALDE (Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa), o terceiro principal partido europeu que conta com figuras como o eurodeputado belga Guy Verhofstadt ou a comissária europeia para a concorrência, a dinamarquesa Margrethe Vestager — e, em breve, a possível entrada do Em Marcha. Atualmente, existem oito Governos na União Europeia liderados por partidos liberais, excluindo o de Macron.
Com um pilar europeísta, o partido quer participar em todas as eleições em Portugal, mas o foco estará nas eleições europeias e nas legislativas. “Acreditamos num maior e melhor aprofundamento europeu, num momento em que existe muito barulho contra a Europa“, afirmou o presidente do partido ao ECO. Miguel Ferreira da Silva garante que o partido quer ser liberal em três pilares: a liberdade política, liberdade social e liberdade económica. E as questões fraturantes? “Já não são temas hoje em dia”, remata, assinalando que o partido é progressista nesses assuntos.
O partido recusa situar-se na dicotomia tradicional entre esquerda e direita. Mas poderá haver uma geringonça à direita caso sejam eleitos? Miguel Ferreira da Silva não exclui a hipótese, mas diz que o partido não foi criado com esse intuito. “Esse tema só será debatido na devida altura pelos órgãos do partido quando for definida a estratégia eleitoral”, explica o presidente, assinalando, no entanto, que a Iniciativa Liberal não se revê “como sendo de direita”.
Apenas admitimos o controlo do Estado sobre as atividades que excedam o âmbito da iniciativa privada ou nas áreas em que a concorrência já não funcione.
No seu manifesto, a Iniciativa Liberal assinala que “o Estado deve ter limites na sua capacidade de endividamento e apropriação de recursos das pessoas ou Organizações, nomeadamente através de taxas ou impostos”. “Apenas admitimos o controlo do Estado sobre as atividades que excedam o âmbito da iniciativa privada ou nas áreas em que a concorrência já não funcione”, esclarecem os liberais portugueses, apelando aos cidadãos a colaborarem na sua agenda programática e nos programas eleitorais.
Este sábado o partido está em Barcelona a apoiar o Cidadãos, o partido espanhol que tem ganho espaço nas sondagens para as eleições de dia 21 de dezembro na Catalunha. A candidata Inés Arrimadas estará acompanhada de Albert Rivera, o líder do partido, mas também de Manuel Valls, ex-primeiro-ministro francês de François Hollande, e contará com o apoio dos liberais portugueses e do partido de Macron, Em Marcha.